Palavras-chave: trabalho 12/36, adicional noturno, insalubridade, privação do sono, ritmo circadiano, higiene do sono, saúde ocupacional.
Introdução
O trabalho em turnos, especialmente o esquema 12/36 (12 horas de trabalho seguidas por 36 horas de descanso), é comum em diversas profissões, como enfermagem, segurança e serviços de emergência. No entanto, esse regime de trabalho pode ter um impacto significativo na saúde e bem-estar dos trabalhadores, principalmente devido à privação do sono e à interrupção do ritmo circadiano [1].
Adicional Noturno e Insalubridade
O trabalho noturno é considerado insalubre devido aos seus efeitos negativos na saúde e na qualidade de vida dos trabalhadores. A exposição à luz artificial durante a noite e a interrupção do ritmo circadiano podem levar a distúrbios do sono, fadiga crônica, problemas digestivos e um maior risco de doenças cardiovasculares e metabólicas [2]. Por esse motivo, os trabalhadores noturnos têm direito ao adicional noturno, um acréscimo salarial que visa compensar os prejuízos causados pelo trabalho em horários não convencionais [3].
Efeitos da Privação do Sono em Trabalhadores 12/36
Os trabalhadores do esquema 12/36, como enfermeiros, médicos, policiais e bombeiros, enfrentam desafios únicos em relação ao sono. Durante os plantões noturnos, eles podem acumular uma dívida de sono significativa, o que pode levar a sintomas como fadiga, sonolência diurna excessiva, dificuldade de concentração, irritabilidade e aumento do risco de acidentes e erros no trabalho [4].
Estratégias para Minimizar os Efeitos da Privação do Sono
Para lidar com os desafios do trabalho noturno e minimizar os efeitos da privação do sono, os trabalhadores 12/36 podem adotar as seguintes estratégias:
- Evitar ficar 24 horas sem dormir: Embora possa ser tentador ficar acordado durante todo o dia após um plantão noturno, isso pode agravar a dívida de sono e prejudicar ainda mais o ritmo circadiano. Em vez disso, os trabalhadores devem tentar dormir o mais cedo possível após o término do plantão [5].
- Criar um ambiente propício para o sono: Ao dormir durante o dia, é importante criar um ambiente escuro, silencioso e confortável. Usar cortinas blackout, tampões de ouvido e um ventilador ou máquina de ruído branco pode ajudar a bloquear a luz e o ruído externos [6].
- Estabelecer uma rotina de sono consistente: Nos dias de folga, os trabalhadores devem tentar manter um horário de sono regular, dando prioridade ao sono noturno. Isso ajuda a reforçar o ritmo circadiano e reduzir a dívida de sono acumulada [7].
- Praticar boa higiene do sono: Hábitos como evitar cafeína e refeições pesadas antes de dormir, fazer exercícios regularmente (mas não muito próximo à hora de dormir), e reservar tempo para relaxar e desestressar antes de dormir podem melhorar a qualidade do sono [8].
Sintomas e Riscos Associados ao Trabalho Noturno
Os trabalhadores noturnos do esquema 12/36 podem apresentar diversos sintomas e enfrentar riscos à saúde, incluindo:
- Distúrbios do sono, como insônia e sonolência diurna excessiva [9].
- Fadiga crônica e diminuição do desempenho cognitivo [10].
- Problemas digestivos, como azia e constipação [11].
- Maior risco de doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes tipo 2 [12].
- Problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade [13].
Conclusão
O trabalho noturno no esquema 12/36 apresenta desafios significativos para a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, principalmente devido à privação do sono e à interrupção do ritmo circadiano. Reconhecendo esses riscos, é essencial que os empregadores e os próprios trabalhadores adotem medidas para minimizar os efeitos negativos do trabalho noturno, como o pagamento do adicional noturno e a implementação de estratégias para melhorar a qualidade do sono. Ao priorizar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, é possível reduzir os riscos associados ao trabalho noturno e promover um ambiente de trabalho mais saudável e seguro.
Referências
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